18 de abril de 2016

Se calhar

Se calhar é tudo ilusão, a comida favorita, o par perfeito, o emprego dos sonhos, o filho educado, o pai amoroso, a mãe paciente, a amiga que houve, o vizinho que respeita, o cansaço da segunda, a felicidade da sexta, a fila pequena, carinho sem fim. Se calhar, somos todos fantoches nas mãos de crianças mimadas que por vezes nos deixam jogados na caixa de brinquedos, por anos, empoeirando, e depois nos pegam e brincam até rasgar, depois jogam fora. Se calhar, a conta por pagar, o inverno com frio, o carro por trocar, a faculdade por terminar, o amor por encontrar, se calhar, é tudo ilusão, é o sonho e o combustível de tolo que nos move à frente como um cão correndo atrás de um gato que corre atrás de um rato... Talvez sejamos todos apenas cães que correm atrás do rabo e só. Se calhar é tudo ilusão, a calda do sorvete, a coca gelada, o final de semana prolongado, as férias de 30 dias, a viagem internacional, o intercambio cultural. Se calhar estamos programados para dizer sempre sim e passar para a próxima fase, sem questionar muito, sem desejar muito, sem se importar muito. Se calhar, estamos todos mortos vivendo nas ilusões alheias. Se calhar, calhou, calou.

6 de janeiro de 2014

!!!Felicidade???

Felicidade s.f. Característica ou condição de feliz; sensação real de satisfação plena; estado de contentamento; satisfação. Feliz adj. Ditoso, afortunado. Hoje após desejar muitas, muitas felicidades dei uma travada pensando no significado da palavra... Impossível falar em felicidade e não me lembrar de um amigo que insiste em afirmar que ela não existe. Talvez ela exista para os que acreditam, talvez seja apenas tábua de salvação para nós que costumeiramente nos afogamos em nossos pesares... Hoje de fato nem sei mais se acredito ou não, já não é o meu objetivo de vida, já duvido se algum dia realmente a conheci. Sei que acredito em tristeza, sei que existe tristeza e isso me parece inquestionável... pensando em tantos momentos tristes quanto minha memória fraca pode é realmente inquestionável a sua existência. Só sei que de fato desejo com todo ardor do meu coração que meus amados a possam gozar. Ironicamente, ao escrever minha opinião sobre felicidade, fui questionada sobre o por que de Piafizinha, no meio da resposta entra o Hino: La Vie em Rose... Il est entré dans mon coeur Une part de bonheur Donc je connais la cause. Entrou no meu coração Um pouco de felicidade Da qual eu conheço a causa. Piafizinha, tentando desesperadamente apertar o botão de desligar, sem sucesso algum...

3 de novembro de 2013

Style...

Perdida em meu jardim observo duas borboletas amarelas e uma preta e amarela... Lindas... Me inspiram...

Entro em uma rede social, vejo umas bolinhas verdes que também me inspiram...

Corro para a confraria...

Amanheci com Bukowski hoje, ele também me inspira...

Em meio a tantas inspirações e quase nenhuma transpiração abro minha torneira e deixo que transbordem os pensamentos...

Nesta épocas de pés nas portas, quando as pessoas não têm mais tempo algum umas para as outras pois estão muito ocupadas e sempre atrasadas, é um achado encontrar alguém para dividir umas horas, seja numa praia maravilhosa, ou num banco de praça do bairro, seja num boteco ou num lugar mais refinado...

Sou uma destas pessoas que gostam de fazer nada em boa companhia, qual não é minha frustração por não arranjar boa companhia com tanta frequência...

Meu espanto foi encontrar boa companhia com conteúdo, essência e sensibilidade...

Vivemos o momento trash food (ou fast, prefiro trash), nossa pressa não nos permite escolher o que comer, por vezes não escolhemos nem a quem comer... ninguém quer ter trabalho, nunca vi ninguém num restaurante invadindo a cozinha e perguntando como foi preparado o prato, com quais ingredientes, quanto tempo levou... Estamos arrastando este hábito para nossas camas também... E cada vez mais os índices de depressão aumentam... É claro, fazemos tudo errado... olhamos para as pessoas à procura do que elas têm para nos oferecer, preferencialmente dentro do menor tempo possível, marcamos encontros ao qual não comparecemos, fazemos promessas que não cumprimos, chegamos à lua mas não conseguimos atravessar o escritório e perguntar para um colega porque seus olhos estão nublados hoje.

Conversamos com a China, mas não damos bom dia no elevador, olhamos em volta e não encontramos nada pra fazer de interessante, ninguem que mereça nossa tão preciosa companhia...

Dia desses dei corda para um mendigo na praça da República...ele me disse que meu marido era um cara de sorte, dei risada e respondi que Eu era uma mulher de sorte por não ter um marido, ao que ele respondeu: os homens estão cegos e loucos... aquele mendigo de praça, Sr. Arnaldo, ex caminhoneiro, salvou meu dia e colocou um sorriso enorme no meu rosto... coisa que muito amigo não é capaz de fazer...

Bem recentemente ouvi de um homem maduro: não gosto de ser usado, achei que era uma tirada engraçada, não era, era a verdade...

Onde estão as pessoas que ainda não aprenderam a usar as outras?

Sinceramente?

Style só por hoje, para mim, é ser humano, é sofrer a dor de quem de repente nem amamos, mas respeitamos. É ter a sensibilidade de não machucar as pessoas ainda que se atropele o próprio orgulho...

Style é ter a liberdade de tomar atitudes com o coração em paz, porque nossas atitudes não destroem, não ferem...

Style é ser antes de ter.

Piafizinha, refazendo mentalmente a lista de todas as merdas que já fez, todas com muito Style...

14 de agosto de 2013

Borboletas são flores que voam.

No último domingo tive o prazer de visitar pela primeira vez um borboletário, me perguntaram o que era um borboletário e respondi que era como um orquidário só que com borboletas, pensando bem, parece que foi uma resposta idiota, mas convenhamos, a pergunta tb não foi das mais criativas...
Sempre amei as borboletas, desde... desde sempre, nunca me questionei sobre a razão desta paixão, lua, céu, sol, borboletas e flores, mais ou menos nesta mesma ordem...
Talvez sejam as cores, talvez a liberdade, a beleza, a delicadeza, a força da superação... certamente sou fã da metamorfose por me identificar profundamente com este estado de permanente mudança...
A vida destas flores dura em média 15 dias após a saída do casulo, é uma vida muito breve, muito intensa e muito linda, suas principais atividades nesta breve vida são comer e se reproduzir e ainda tem gente que não entende minha paixão por estes pequenos tesouros...
Refletindo sobre a breve vida das borboletas, mais uma vez me identifico, vejo a vida como um breve cochilar, quem já deu aquela famosa piscadela e teve um sonho de segundos, abriu os olhos olhando assustado em volta pra saber se alguém havia percebido, sabe bem do que estou falando...
Pois é este o conceito que tenho de vida, nossos parcos 60, 70 anos de existência na Terra, não passam de um sonho num cochilo, penso que um dia abriremos os olhos em nosso estado natural, nos reconheceremos como irmãos amados e sentiremos orgulho ou vergonha de nosso comportamento na Terra, da forma como nos tratamos, das pequenas gentilezas ou pequenas mesquinharias...
Nosso amor e nosso ódio, nos serão neste momento bem menos intensos, nos entenderemos como iguais...
Tive oportunidade de estar a sós com um pedaço do paraíso, tive uma pequena borboleta pousada em meu indicador pelo que me pareceu uma eternidade, foi incrível o fato de ela não ter voado, bastava um simples bater de asas... mas ela permaneceu ali, como que me ouvindo, que gratidão sentiu meu coração por esta imensa gentileza da natureza, restou-me agradecer a companhia e devolvê-la a um galho com a mesma delicadeza com que ela veio a mim...
Meu coração estava repleto de gratidão e alegria, aquele lugar mágico corroborou minha crença em tantas coisas maiores... o calor que senti no peito transbordou por meus olhos em lágrimas quentes de felicidade, de plenitude.
Sempre me manifestei como alguém de outro mundo, não consigo entender as regras deste, não consigo jogar este jogo, me sinto estranha em meio a multidão.  Momentos como este me fazem lembrar que este realmente não é o meu mundo, me fazem lembrar que esta vida é só um sonho passageiro e então me esforço para que seja um sonho bom. Embora muitas vezes eu perca toda a minha paciência, na maior parte do tempo eu tento conviver em paz com os personagens deste sonho que hora parece belo, hora parece estúpido.



Piafizinha, pensando que  borboletas parecem flor que o vento tirou pra dançar (O Teatro Mágico). 

18 de julho de 2013

Minha incrível capacidade de sentir a mesma dor.



Será normal chorar lendo e-mails antigos? Será normal doer de novo e de novo e de novo, num ciclo infinito?
Lendo as Paixões da Alma, de Descartes, pode-se compreender melhor o processo que nos faz sentir ainda que em menores proporções, as emoções já vividas...
Hoje abri minha caixa de e-mails, que curiosamente já não visito tão frequentemente e bateu uma certa nostalgia, somando minhas contas, chego aos 5000 e-mails não lidos e não tenho certeza de quantos lidos e relidos à exaustão...
Alguns nomes e assuntos me vêm à mente quando olho praquela caixinha de pesquisas, hoje, não cedi ao impulso de revirar o passado, nem de reviver antigas dores ou antigos risos, hoje só por hoje, minhas dores e meus amores fazem parte de um passado que não quero convidar para o jantar, só por hoje, decidi viver o momento, Carpe Diem...
Não que para mim, viver o momento signifique exatamente isto, na verdade sinto todo o peso da culpa só por usar a expressão, só quem tem alguma noção de perspectiva de eternidade pode entender o significado desta "culpa".
Vivi por cerca de uma década pensando no amanhã e outra desejando que simplesmente não existisse amanhã...
Vivi dias de sorrisos e dias de lágrimas, ao contrário do que eu julgava ser o normal, eles não se intercalaram muito... Houveram muitas mais lágrimas do que sorrisos e posso afirmar com todo orgulho de tola que possuo, sou a culpada por cada um deles. Tenho orgulho sim de dizer que manejo a pena que escreve a minha história e sinto certo desprezo pelas pessoas que tentam segurar minha mão enquanto escrevo, desprezo-as por me conhecerem tão pouco, por acreditarem que com suas sutilezas podem fazê-lo... Lamento, não o podem! Meu humor é tão sensível e vive mudando, mas minha essência é exatamente como deveria ser. Sempre me senti feliz por ter a capacidade de tomar decisões, algumas requerem algum imediatismo, nem sempre tomei as melhores, mas invariavelmente fiz o que acreditei ser o certo e sempre aceitei de bom grado os méritos e deméritos que as acompanharam...
Tenho meus traumas, minhas limitações, meus pudores, meus medos, sei que a maioria deles encontram raízes num momento de minha vida em que minha voz foi convidada a calar-se, sei que me perdi de mim e que até hoje procuro alguns cacos escondidos, mas nada disso me impede de acreditar na beleza da vida, apenas me arremessam a alguns chiliques uma hora ou outra, não tolero muito bem algumas situações que me levam a esta época e também não tenho muita paciência para explicá-la às pessoas, à estas, basta que conheçam os limites do quanto podem entrar ou não na minha história e todo mundo fica bem.
Quando passo os olhos pela Elminha magricela e adolescente, chego a desacreditar na força que vejo, chego a invejá-la em sua determinação, mas acho que envelhecer também significa isso, perde-se um pouco o brilho, apaga-se um pouco da chama...
Elminha, não precisando reler a vida para sentir um grande nó na garganta.

2 de abril de 2013

Carpe Diem





Tão linda, tão inteligente, tão divertida, tão madura, tão leve, tão boa companhia... tão sozinha!

Não se sabe ao certo quando se deu a mudança, num dia era uma linda adolescente magricela cheia de planos e sonhos, o universo era (como deveria ser) pouco e no outro uma provedora esmagada pela realidade...

Num dia apaixonada por duas expressões novas: Carpe Diem e Maktub e noutro, frustrada com seus significados...

Os mesmos olhos que brilharam diante da ideia de colher o dia, vivê-lo, aproveitá-lo, hoje se calam ao perceberem que há mais de efêmero ao seu redor do que poderia suportar.

O mesmo coração que palpitava diante do estava escrito, hoje repensa quantas coisas nunca deveriam ter acontecido.

Diante de uma caixa de e-mails com 7007 mensagens não lidas, espera por uma que nunca chega, como uma carta que Noel não responderá...

Cansada de se perguntar o que há de errado consigo, começa a crer que o erro consiste na humanidade, no planeta, só pode ter ido parar no planeta errado, não tem outra explicação...

Onde vivem os altruístas? Onde foram parar as pessoas puras? Imagino que muitas pessoas que acham que me conhecem se perguntam: Quem ela pensa que é pra falar em pureza? Pra essas eu digo: Você nunca saberá!

No meio de tanta gente sem graça, sinto uma imensa gratidão por encontrar cores e aromas diferentes, gente que parece gente mesmo, do tipo que se importa ao menos um pouco com “outras gentes”, gente que prefere se machucar a ferir o outro, gente do tipo que não deveria viver nesse planeta...

Desde que Maktub ganhou ares de “conforme-se” e Carpe Diem de “desespere-se” a vida ficou tão mais sem graça...

Piafizinha, eternamente (enquanto dure), inconformada.

19 de março de 2013

Saber ou não saber dar, será mesmo que há aí a questão?

Já dei muito, muito mesmo! Já dei de tudo o que eu tinha pra dar e nem por isso fiquei sem...
Mas penso que quando damos ao outro mais do que ele merece, criamos instantâneamente um monstro...

Estava eu aqui me deliciando com Nando Reis (Pra você guardei o amor) e eis que me pego pensando, amo tanto esta música... acho que o meu lado mulherzinha realmente gostaria de encontrar alguém que pudesse suportar o amor que nunca pude dar...

Reflito mais um pouco e concluo, minha maior falha no amor talvez tenha sido dar muito mais do que realmente mereciam, mas penso que o amor é justamente isto, oferecer o melhor, o tudo e preferêncialmente por inteiro...

Hoje, não me importam teorias sobre comportamento humano, continuo fazendo birra sim, me recuso mudar para adaptar-me ao mercado sentimental.

Nunca senti pelo meio, nunca me dei em parcelas ou com ressalvas, meu erro foi apenas dedicar-me demais à quem talvez (certamente) não estivesse preparado para dar e receber...

Quando damos demais a quem pouco merece não estamos supervalorizando o que recebe, estamos nos depreciando, então, de quem é a culpa? Nossa, claro, só nossa...

Pra quem um dia se achou o último pettit four da minha assadeira e não entendeu que era uma opção minha depositar o mundo a seus pés, fica minha gratidão pois acho que mereço mesmo um pouco mais da vida, das pessoas e principalmente do amor...

Piafizinha, acreditando ainda na incrível arte de amar sem ressalvas e ainda assim ser correspondido.